quarta-feira, 10 de junho de 2009

Prémio Desenvolvimento Sustentável

Filosofia de gestão substituiu filantropia e marketing empresarial
O Prémio Desenvolvimento Sustentável, uma iniciativa da consultora Heidrick & Struggles em conjunto com o Diário Económico, foi atribuído no passado dia 1 de Junho. Em entrevista, o sócio Pedro Rocha Matos fala das principais conclusões desta primeira edição, antecipando já algumas novidades para 2010
POR Inês Queiroz



Como correu esta primeira edição do Prémio Desenvolvimento Sustentável face às expectativas que tinha?
Esta primeira iniciativa correu muito bem em todos os aspectos, correspondendo inteiramente às nossas expectativas. Destaco com grandes achievements: nº de empresas que se candidataram (cerca de 200), número de empresas que passaram à pool final (cerca de 100), representatividade de todos os grandes sectores do tecido empresarial português, a evolução dos resultados face aos anos anteriores e a grande qualidade e mais-valia do Advisory Board que presidiu a este prémio, bem como, a total adesão das empresas convidadas à cerimónia de entrega de prémio. Qualificaria esta iniciativa como um grande êxito, sem sombra de dúvidas, e de extrema importância para o enquadramento macro e micro económico que vivemos no contexto actual.

Com base nas conclusões dos estudos que a Heidrick & Struggles faz anualmente, considera que as estratégias e boas práticas de sustentabilidade em Portugal têm vindo a melhorar ao longo dos anos?
Como referi anteriormente, de facto, a evolução é bastante positiva, de destacar que em termos médios estamos no limiar dos 70% de atingimento dos critérios em análise, para a pool final de empresas qualificadas. Se tivermos em linha de conta que a partir de 80% estamos no campo de boas práticas e dos 90% entramos no patamar de best player, diria que estamos a caminhar a passos largos para termos a sustentabilidade no ADN do nosso tecido empresarial.

Que balanço faz da evolução das participações quer em termos de qualidade quer em termos de resposta das empresas ao vosso convite.
Balanço muito positivo em termos de participação, pois temos vindo a registar consistentemente um acréscimo de aceitação de convites e de empresas qualificadas na casa dos 30%. Deixa-nos particularmente satisfeitos, o facto de o sector empresarial do Estado e Autarquias, este ano, representar 13% do total de organizações qualificadas para a pool final de candidatos aos prémios.

Quais as áreas que, na sua opinião, têm vindo a registar maior evolução em Portugal, nos últimos anos, em termos de desenvolvimento sustentável?
Em primeiro lugar destacaria um aspecto fora do âmbito restrito dos critérios analisados – o facto de empresas olharem para a temática da sustentabilidade cada vez mais como uma filosofia de gestão e cada vez menos como filantropia ou marketing empresarial. Considero que este é o grande shift empresarial e é esta a nossa grande missão “sustentável” com este tipo de iniciativas. Analisando os resultados deste ano em detalhe, verificamos que as áreas que registaram maior evolução são: “código de conduta”, “política e gestão ambiental” e “gestão da relação com os stakeholders”, sendo que há outras onde já nos encontramos em níveis bastante positivos face ao best player, tais como: “atracção e retenção de talento” e “gestão da relação com os clientes/utentes”.

Quais são aquelas que precisam de um empurrão maior, e em que aspectos?
Analisando os resultados verificamos que houve decréscimos em dois critérios: “modelo de governo” e “desenvolvimento de capital humano”, significativo no primeiro e residual no segundo, em ambos os casos talvez fruto da conjuntura em que vivemos. Há outras áreas em que embora tenhamos evoluído, ainda estamos em níveis com elevado potencial de crescimento: “gestão de riscos e crises para o negócio da empresa” e “reporting ambiental”.

E quais são os sectores portugueses com melhores práticas a este nível?
Aqui é interessante analisarmos cada uma das dimensões cruzando com os grandes sectores de actividade e tipo de empresa. Por sectores de actividade destacaria pela positiva o sector da Banca e Seguros nas dimensões de Gestão e Social e o sector da Indústria na dimensão Ambiental. Com maior potencial de evolução, as Empresas Públicas e Autarquias nas dimensões de Gestão e Ambiental, e na dimensão Social a Indústria. Por tipo de empresa, claramente se destacam pela positiva em todas as dimensões (Gestão, Ambiental e Social) as Empresas Cotadas em Bolsa. Com maior potencial de evolução as Empresas Públicas na dimensão Social.

De que modo é que iniciativas como este Prémio Desenvolvimento Sustentável podem dar esse empurrão?
Este Prémio tem como grandes desígnios: sensibilizar o tecido empresarial, o poder político e a sociedade civil para a sustentabilidade; Promover benchmarking e análises comparativas relativamente a empresas de diferentes tipos e dimensões, bem como análises por sectores de actividade, critérios e análises evolutivas; Reconhecer publicamente as entidades que abraçaram o desafio do desenvolvimento sustentável e identificar e premiar as práticas de referência no contexto nacional. Neste sentido é seguramente mais um contributo, que acreditamos ser valioso, para a sustentabilidade das nossas empresas, economia e sociedade, mais ainda porque é uma iniciativa pioneira em Portugal.

A nível internacional, qual é o país mais avançado em termos de políticas de sustentabilidade e porquê?
A nível internacional os pioneiros foram os Estados Unidos. Claramente definir os países mais avançados torna-se difícil já que não se encontram disponíveis estudos idênticos a este, que permitam tirar essas conclusões. Acima de tudo acho que temos que acreditar e trabalhar para estar na linha da frente a curto prazo, temos todas as condições, sabemos por onde temos que evoluir e como evoluir, e estamos a fazer o nosso caminho …

Que novidades podemos esperar para a edição Prémio Desenvolvimento Sustentável 2010?
Muitas seguramente, mais empresas, mais sectores, novas dimensões e critérios de análise, novos formatos do Prémio, enfim, algumas ideias estão já bem definidas e outras em estruturação, como é normal, mas para já fiquemos na expectativa …

Consulte os principais resultados do estudo




Artigo originalmente publicado no Diário Económico de 4 de Junho de 2009. Publicado com permissão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário